Nos últimos anos, os vídeos curtos tornaram-se um verdadeiro fenómeno nas redes sociais. Plataformas como o TikTok cresceram de forma exponencial precisamente por apostarem neste formato de conteúdos rápidos, envolventes e altamente viciantes. O YouTube seguiu a mesma tendência com o lançamento dos Shorts, vídeos curtos que competem diretamente com os Reels do Instagram e os vídeos do TikTok.
Contudo, apesar da sua popularidade, o consumo excessivo deste tipo de conteúdo tem levantado preocupações. Estudos recentes apontam para possíveis efeitos negativos associados à visualização contínua de vídeos curtos, incluindo dificuldades de concentração, diminuição da capacidade de retenção de informação, ansiedade e até alterações nos padrões de sono.
Atento a esta realidade, o Google parece estar a trabalhar numa nova funcionalidade para o YouTube que permitirá definir um limite diário para o tempo gasto a ver Shorts. A descoberta foi feita através de uma desmontagem (ou análise de código) da aplicação, onde surgem indícios de que será possível activar um cronómetro que restringe o acesso contínuo a este tipo de conteúdo.
Tudo indica que, ao atingir o limite diário definido, o utilizador deixará de poder navegar pela secção de Shorts como faz habitualmente — ou seja, deslizando infinitamente para cima. No entanto, a funcionalidade não bloqueará por completo o acesso aos vídeos curtos, uma vez que estes continuarão a surgir noutras áreas da plataforma, como resultados de pesquisa ou recomendações.
Segundo dados oficiais do próprio Google, os YouTube Shorts registam cerca de 70 mil milhões de visualizações por dia, o que evidencia a enorme adesão dos utilizadores a este formato. Ainda assim, esta popularidade também reforça a necessidade de mecanismos que promovam um consumo mais consciente e equilibrado.
A introdução de uma funcionalidade que ajude os utilizadores a gerir o tempo gasto com Shorts pode revelar-se um passo importante na promoção do bem-estar digital. Esta iniciativa segue uma tendência crescente entre as grandes empresas tecnológicas de oferecer ferramentas que incentivem hábitos mais saudáveis no uso das suas plataformas — tal como já acontece com as definições de “Bem-estar Digital” em muitos dispositivos Android, ou com os limites de tempo em aplicações no iOS.
Se for de facto lançada, esta funcionalidade poderá representar um avanço positivo na forma como consumimos conteúdos digitais, ajudando a combater os efeitos negativos do consumo desenfreado e promovendo um uso mais equilibrado das redes sociais no dia a dia.